segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Alunos Meus

Corro serios riscos de aqui escrever o que os visados na historia podem ler, e portanto os promenores ficam para vos contar ai em PT com grandes risadas a mistura.

Posso desde ja revelar que fui ua pinga amores, nada intencional, muito inocentemente mas fui-me apercebendo disso... DE RIR!
Foi na entrega de diplomas que melhor me apercebi do gosto que foi para alguns alunos e alunas terem me conhecido, quanta honra! Ainda na entrega de diplomas comecaram a chover os elogios. Varias alunas quiseram tirar uma fotografia comiga para ficar de recordacao, um aluno timorense ofereceu-me um cachecol tipico e outros prometeram continuar comuniar comigo na internet!
Confesso que fiquei babadissima, ainda me ofereceram mais e mais lembrancas!
Na festa deu finalmente para trocarmos experiencias e opinioes sobre MOZ e PT e que a nossa geracao jovem pode fazer por estes paises. Prometi voltar, quando nao sei....

Ultimos dias em casa

Bem ja parte do grupo esta por terras lusitanas! Chegaram terca de manha.
Desde 5a feira como vos disse que nao temos internet e a paz desde entao tambem comecou a falhar na casa PUMAP. O stress, cansaco, ansiedade e trabaho deixaram as tropas do PUMAP um pouco desnorteadas.
Como se nao bastasse os problemas com a casa alugada, os empregados com salarios por pagar, o chuveiro empenado, a sanita nao operacional, tudo parece que nos quis fazer correr daqueles lados de Maputo. A "dona" da casa apareceu la por casa quase todos os dias. Ora vinha reclamar ora vinha choramingar... Os empregados "tiraram" alguns moveis de casa da senhora para reclamar os salarios e nos que os aturamos! Tudo doido! Nos ultimos dois dias nem vieram. Eu odeio aquela mulher, ja nao a podia ver... Se ela aparecia eu saia com dois ou tres so para fugir as mil historias massadoras que ela contava e que depois de ela sair todos ficavam horas a relatar! Que cansativo, este topico da casa subalugada e a Paula "Mariscos A Maneira" e' historia para ficar sobre a nossa estadia- mas que coisa infeliz, como fizemos toda uma novela com isto!
E como se nao bastasse de problemas como ja vos tinha dito no inicio do post ficamos sem electricidade em casa. Em maputo a electricidade e pre paga pois para irmos recarregar teriamos que pagar um conta enorme de divida da dita Paula Mariscos... era o que mais faltava....
Bem a solucao encontrada para surpresa minha foi convidarmo-nos (a situacao era desesperante) para ficarmos a ultima noite (e so essa)na casa da nossa consul portuguesa, a Graca! No domingo pagou-nos uma mariscada, levou-nos as malas e alojou-nos em sua casa como se fossemos seus filhos. REcebeu-nos lindamente! A Graca e para todos nos um exemplo de mulher.... solteira, diplomata, castica, estilosa, jovem embora de meia idade e ainda por cima economista! Uma senhora! So foi assustador como tantos de nos se deixaram acomodar com a simpatia e se instalaram com a maior das naturalidades... enfim! Uma noite sem exemplo

ps. sejam criativos, este teclado e muito esquisito e nao tem acentos!

sábado, 29 de agosto de 2009

Tinha-me esquecido deste post!

Festa de despedida da escola primária

Hoje foi um dia de despedidas… começou no orfanato e acabou na escola primária.
No orfanato foi óbvia a tensão vivida pelas crianças. Não fomos recebidos com mil berros e abraços como é (ou melhor FOI) habitual sempre e saímos com lágrimas …
A hora da despedida custa sempre mais!

À tarde fomos para a festa da escola primária. Não sei se já vos tinha dito mas fiz parte do teatro. Fui a raposa no teatro o Principezinho (muito adaptado!). Correu lindamente foi mesmo engraçado! Ia com uma máscara de coelhinho e lá tentei falar devagar… não devem ter ouvido muito bem mas gostaram… Depois servimos-lhes um lanchezinho. Foi uma loucura, bolachas, sumo, bolo, batatas fritas. É caso para dizer que tiraram a barriga da miséria! Com tanta porcaria que comeram é caso é de dizer que ficarão mal-dispostos… Gostei muito de lá ter ido e de conhecer o espaço das nossas meninas! Trabalho árduo aquele que elas lá desempenharam! Entre enfrentar professoras que batiam nos meninos, que se aproveitavam da sua presença para faltar às aulas, e as crianças energéticas com vontade de aprender viveram ali dois meses complicados… Uma pessoa realmente só entende a realidades dos outros quando a sente na pele, não haviam descrições que valessem… hoje ganhei uma percepção e uma admiração por estas meninas batalhadoras (as nossas voluntárias: Ana, Joana, Maria) que dia após dia engoliram sapos das professoras, controlaram 50 crianças numa sala e ganharam um imenso respeito pelas crianças que foram acompanhando. Pelo que contam os progressos foram florindo quase que inesperadamente, e com simplicidade deram conta das suas vitórias.

As despedidas de actividades estão mesmo a terminar…
Ficam boas recordações, bons momentos, boas lembranças, bons amigos! Aos que já nos despedimos até sempre!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Bazarconomia

Hoje durante a tarde assistimos a uma palestra do Prof. António Francisco, professor de Economia e investigador. Adorei, foi super interessante!

Ao contrário da economia teórica que tive a batalhar para ensinar, este Prof. trouxe muito mais. Ainda bem! Trouxe consigo uma bagagem imensa com os seus trabalhos de investigação sobre a economia moçambicana…

Economia ou bazarconomia?! Bazar + economia porque na realidade a economia informal é predominante. Moçambique não é apesar de no papel o dizer que é uma economia de mercado. De acordo com este professor menos de 5% da terra é privada ou detida por títulos… Por um pedaço de terra cá em Moçambique o que se adquire é título de uso e aproveitamento. Ora se assim é além da economia de subsistência há muito pouco, não havendo títulos de propriedade não há comércio, garantias, empréstimos, etc…Se não há isso então também não há actividade económica saudável…

Aliás dentro da bazarconomia de Moçambique ele falou-nos do multi-universo:
- O PIB nacional que é o top do iceberg (a única parte visível!), que efectivamente avalia a economia formal (por volta de 10% da economia Moz)
- Economia prosumer (auto-consumo), economia para consumo próprio (não contabilizado claro!)
- Economia canalha/ subterrânea/ rock economics de actividade ilícita.
- Economia informal …

Bem sem vos querer chatear muito com o resumo da palestra, tenho a dizer que foi super interessante tanto para os alunos e acima de tudo para nós! Ganhei outra percepção da realidade moçambicana, falámos abertamente sobre política e das reformas ou não reformas do Tio Guebas (PR Armando Guebuza)!

Não há dúvida que vimos para estes dois meses dar aulas sem saber nada de Moz e o nosso conteúdo acaba sendo muito limitado nesse campo, mas ainda bem que complementamos o Executive Training com esta sessão! (Já tínhamos feito outra sobre microcrédito há um mês)

Este professor que fez mestrado e doutoramento se não me engano em Sydney é sem dúvida um contacto a manter!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Já não sou mais professora nem doutora

Já cheguei, já ensinei, já aprendi, já avaliei, já não sou mais professora nem doutora. Acabei agora de lançar as notas dos alunos. De entre os que resistiram até ao fim só chumbaram 3 em cada módulo que eu dei. As médias foram boas, mas também não fui muito muito exigente.

Para quem ainda não viu… eu criei um site (gratuitamente) muito simples no google sites. /marianatorgal Lá disponibilizei sempre todo o material que ia usando. Quase sempre escrevi no quadro mas quando recorria ao pwpt (apresentação de slides) deixava nesse site para quem quisesse rever em casa.

Bom foi trabalhoso fazer um exame e pior foi corrigi-los mas com as noitadas ontem e hoje ficou tudo feito e pronto. A entrega de diplomas será no Sábado e à noite teremos festa em casa!

Não serei mais professora nem doutora, mas quiçá no futuro… Irei ter saudades terei encontrado uma vocação?! Os meus objectivos profissionais mantêm-se (ONGs ONGs ONGs) mas não quero fechar esta porta que ainda agora tentei abrir!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Apreciações e avaliações dos professores no ET

No Executive Training fizemos uma avaliação intermédia e agora uma final. A intermédia era mais direccionada à prestação do docente, sobre mim, e a final sobre o conteúdo do módulo, Inglês e Seminário de Economia para mim.

Não é fácil agradar a gregos e troianos mas apesar das opiniões divergentes sobre o grau de exigência e dificuldade deixaram todos música para os meus ouvidos. Alguns porque efectivamente gostam de mim e das aulas, outros porque não são ariscas (apesar de os inquéritos serem anónimos) e outros certamente por serem lambe-botas (é inevitável). Bem mas ponto assente é que há aspectos a melhorar. Faremos por isso nos próximos anos, aliás eu sou das primeiras a apontar o que correu mal:

Em economia, o facto de não ter usado matemática para explicar algumas relações importantes fez com que o conteúdo ficasse incompleto. Embora uns quisesse aprofundar algumas matérias outras acharam louvável o conteúdo ser acessível a pessoas de áreas completamente diferentes.

Em Inglês provou ser complicado ter uma turma de línguas com 40 alunos e com níveis muito diferentes. Muitos foram desistindo, acho que somos agora uns 30 ou assim… enfim! Não se pode ter tudo

No entanto acho que pela minha avaliação global (que vale o que vale) mas acima de todo pela dos alunos correu super bem! Muitos querem que fiquemos durante mais tempo e que continuemos durante muitos e bons anos! Assim esperamos

Acho que ensinei muita coisa mas certamente que quem leva consigo uma grande experiência sou eu! Cresci, superei-me, aprendi, surpreendi-me muito! Embora critica do meu trabalho estou feliz com o meu trabalho no ET, dei o meu melhor!

Deserto do "Sahara"

O Deserto do Sahara em Maputo é o que entre os voluntários por brincadeira chamamos ao imenso descampado de areia avermelhada que fazemos entre o complexo (onde damos aulas) e onde o chapa pára. Chego sempre com os pés um nojo a casa… Já não vou de sapatos porque senão fico desconfortável o dia todo com areia entre os dedos, então opto por ir com as sandálias o mais rasas e abertas possíveis para a areia que entrar sair de imediato. De rir…

Bem uma coisa é certa custa-me imenso fazer aquele caminho tantas vezes por semana ainda mais com um computador às costas (imagino no Verão, com calor o mau que não será!). Hoje, no entanto, devo ter feito pela última vez aquele caminho. Vou agora dar o meu último exame na aula de inglês.

Por um lado é óptimo não ter que me cansar mais naquele caminho exaustivo mas por outro lado é mais um sinal da nossa ida e do fim dos meus dias áureos enquanto senhora professora, ou até como alguns me chamam Doutora (ridículo!). Como já vos disse gosto desta responsabilidade e levo comigo as melhores recordações dos alunos e das aulas em si. Tenho muito que aprender mas foi muito enriquecedor de qualquer modo até agora!

Dias mais compridos

Quando aqui chegámos os dias duravam pouco.

Felizmente são agora 17h e ainda é dia!!! Não imaginam a raiva com que ficamos quando vemos os directos (na RTP Africa) para albufeira, na destruição das arribas e são 20h ou 21h e ainda é dia!

Quando aqui chegámos ainda em Junho, desde as 16h30 ou assim era noite! Agora no final de Agosto felizmente os dias estendem-se até ás 17h30 ou 18h! Como aí (PT) os dias ficam mais curtos aqui os dias ficam mais longos, parece lógico não é?!

Mas verdade seja dita, vim para cá nas minhas férias de Verão e quero arproveitar tudo mas estou limitada aos dias curtos de Inverno. Quanto mais não seja porque é mais perigoso tudo à noite e portanto não andamos na rua ou a passear…

Outra curiosidade: aqui as horas são sempre até às 24h!!! Se eu quiser dizer que são 16h00, dizendo que são 4 da tarde ninguém me entendem! E como cá começam o dia cedo, muito movimento a partir das 6h00 (ou seja desdas 5h00 nas periferias de Maputo, no barracal, onde muita gente mora) dizer que combinamos algo as 5 da tarde facilmente será interpretado que é para o dia seguinte da manha! Custou a habituarmo-nos mas já aprendemos, será que em PT me vou fazer entender?

Temos artista

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http://picasaweb.google.pt/mariana.torgal/18PanoramicasDoPedro#

O Pedro Rodrigues tem um passatempo. Assim que chegamos de fim de semana ele junta as fotografias e num programa que tem constroe estas fotografias panoramicas. Ficam muito loucas, vão lá espreitar...

Agora que já tenho muitos albuns no picasa nem sempre é visível quais foram colocados há pouco ou há muito tempo. Numerei os albuns já vamos em 20...
Não devo por muitos mais até chegar a PT imagino...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pãozinho sem sal

Estou com umas saudades de um pãozinho com sal (literalmente). Dos que aqui estão comigo ninguém diria, eu como imenso pão… mas estou insatisfeita.
Quem vier a Moçambique, ou pelo menos a Maputo, vai encontrar toda a comidinha insossa até mais não. É um bom hábito bem sei mas para mim (que até sou um bom garfo) o sal faz muita falta. Já falta pouco para chegar a PT, podem crer que hei-de fazer um arrozinho com imenso sal logo nos primeiros dias se ainda souber claro!

Aliás eu não cozinho há 2 meses, que desespero! Não cozinho porque não preciso… aqui entre nós a verdade é que não me quero aventurar numa cozinha com 15 pessoas, muito menos para 15 pessoas!

Temos comido muito bem, acho que já vos relatei o que se come por cá, correcto?
Confesso que tenho algumas saudades de uns petiscos de casa. Família preparem-se para vos fazer uma listinha de desejos (embora imagine que não vá ser muito necessário, vocês conhecem-me bem)

domingo, 23 de agosto de 2009

Domingo no Catembe

Hoje, apenas cinco lindas meninas: eu, a Ana, a Joana, a Mariana Dias e a Marina saímos de Maputo.
Catembe é na “margem sul” e temos que passar o rio de nome desconhecido. Depois de dormirmos até ao meio-dia, fomos a pé até ao ferry boat que nos leva para Catembe. O nosso objectivo era ir almoçar marisco e apanhar um solzinho …
Fomos até ao “Restaurante do Diogo” e acabámos por lá ficar até meio da tarde… Como não estava bom tempo suficiente para apanhar sol depois de almoço regressámos a casa.

Catembe não tem mais que meia dúzia de casas e “cafés”/ barracos de tascas. No regresso ao ferry boat pela praia deparámo-nos com uma praia muito alegre. Estava muita gente na praia apesar de ser Inverno. Embora estivesse bastante ventoso uns tomavam banho, outros jogavam futebol, outros namorava… estava mesmo muito alegre o ambiente.

Já em Maputo antes de ir para casa passámos no Maputo Shopping (já de tamanho consiferável. É de rir! Embora anuncie que tem cinema ainda não tem concessionário nenhum). Comeram um gelado, fizemos umas compras no supermercado e regressámos.

Agora alguns saíram até ao Núcleo D’Arte onde há música ao vivo, outros ficaram a trabalhar e eu fiquei aqui a “fazer que faço” meio distraída.

sábado, 22 de agosto de 2009

Festa no orfanato

Hoje foi um dia em pleno. Para os meninos do orfanato e para nós foi uma festa de arromba!
Com o aproximar da data de partida começam a aparecer as primeiras lágrimas no canto do olho tanto dos voluntários como das crianças. Não foi um dia fácil, aliás diria que foi dos mais difíceis que por aqui se viveu mas foi bom!

Com balões e máscaras a decorar o espaço ao ar livre, brincámos toda a manhã com os nossos meninos e com os mais novos. Demos-lhes rebuçados e chupa-chupas, chapéus de festa e máscaras, etc… O sorriso na cara deles quando tirámos fotos, quando dançámos com eles, quando os abraçámos e beijámos é gratificante. Embora eu sinta que o nosso trabalho é ingrato por deixarmos cá ficar estas crianças, sei que nos estão muito agradecidos e que tivemos algum impacto. Não sei se é justo habituá-los a nós e de repente sairmos de cena mas fazemo-lo de boa vontade, com bom intuito. Eles adoram-nos e nós adoramo-los a eles!

Hoje brincámos, dançamos e depois à vez almoçámos ao ar livre. No fim do seu almoço tiveram uma banda local a tocar-lhes com flauta transversal e viola uma marrabenta (musica típica moçambicana) e músicas infantis. Para mim foi dos momentos mais marcantes do dia. Depois disso brincámos mais um pouco e fomos finalmente ver um vídeo que lhes preparámos com fotografias…

No decorrer do dia tivemos imensas vezes que enfrentar o choro sofrido e silencioso de alguns devido à nossa partida. Não é fácil enfrentar isso mas tentámos fazer o nosso melhor para os incentivar a continuar a estudar, a olhar para o futuro com uma perspectiva optimista e a nunca se esquecerem de algumas regras com que os educámos: respeitar os outros, ser amigo do seu amigo, não mentirem e terem cuidado pelas suas coisas. Esperemos que aquilo que os trouxe ao orfanato nunca mais se volte a repetir e que a dor que eles sofreram fique para trás da infância a que têm direito. Tentei não me apegar demais mas foi inevitável cresceu em mim uma vontade doida de os ter por perto.

Embora não goste de favoritismo devo dizer que há 2 ou 3 que adoro e vou sentir falta. Por vezes são matreiros por quererem muitos mimos e colo mas a realidade é que são “um mel” (como eu agora dia!)

Despedida

Hoje fiquei com a lágrima no canto do olho nas minhas palavras finais nas últimas aulas que dei. Disse finalmente a idade que tinha, o gosto que tive em dar-lhes aulas, os erros que sei que cometi, as fraquezas que tentei superar…
Foi sem dúvida alguma das experiências mais enriquecedoras que tive. O desafio de me fazer respeitar, de me fazer entender, de me preparar, de aprender, de ter vontade de continuar a dar aulas jamais irei esquecer. Sinto-me esmagada pelo que aprendi. Sei que dei o meu melhor e hoje em conversa com os meus alunos soube que apreciaram. Recebi rasgados elogios que me deixaram estarrecida. Sou convencida por natureza mas ainda assim não esperava que corresse tão bem. Há muito a melhorar é claro, e falamos disso também mas isso é óptimo. Adorei! Próxima aula será para lhes dar exame, vejamos como irá correr!

Amanhã, ou hoje porque já é tarde, é a despedida do orfanato também. Vamos dar às crianças um Sábado diferente, com rebuçados, bolos, almoço ao ar livre, jogos, etc… Vai ser giro! Apesar disso na próxima semana ainda lá iremos…

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Teatro do alpha

Este ano, à falta de um teatro na vertente do orfanato, o Uniaid, os professores (voluntários) do Alpha mostraram vontade de fazer um teatro na escola primária. Escolheram a peça do principezinho muito reduzido e adaptado!

Um dia desta semana na reunião expuseram que precisavam de alguém para fazer de Príncipe e de Raposa porque eles enquanto professores têm que ficar a tomar conta deles, e também para não os distrair demasiado. Ninguém se disponibilizou até que fui amigavelmente convidada para raposa!! Como? É verdade! Pois é numa peça infantil de crianças… eu Mariana Torgal vou desempenhar o papel de raposa! Não perguntem o que me deu para aceitar e não bater o pé como todos os outros fizeram, porque não faço ideia?! Enfim mas vai ser um pagode, eu e a Mariana Dias vamos fazer um teatrinho! De rir… Já compramos hoje umas máscaras, eu de coelho que será a raposa e a Mariana de bonequinha que será o príncipe. Ensaios começam sábado ou domingo já nem sei… hilariante!

Orfanato mix feelings

Mix feelings (sentimentos opostos…)
Gosto e não gosto, quero e não quero ir lá, devo e não devo…

Desde o início do nosso projecto sempre fui muito reticente quanto às nossas funções a desempenhar com as crianças lá. O orfanato tem boas condições, mas o grupo escolar de crianças com quem estamos todos os dias são deixadas totalmente ao abandono por gente sem formação para as cuidar. O orfanato tem imenso pessoal formado no berçário e crianças pequenas, mas o grupo pelo qual estamos responsabilizados devia andar na escola e não anda, é traumatizado e precisa de apoio psicológico que não tem, muitos têm deficiências ou doenças e não tomam a medicação adequada. Claro que o mal maior de que sofrem é a carência de amor e atenção. E embora isso seja o melhor que lhes podemos dar é tão ingrato e fortuito porque é super efémero e ilusório. Faz-me alguma confusão deixar que eles se apeguem a nós e nós a eles, mas é inevitável, aliás é tarde demais…

Já estamos todos demasiado envolvidos, no entanto ainda agora comecei a decorar seus nomes já me vou embora. E eles lá ficarão ao deus dará, ao abandono a fazer tarefas domésticas… Já por três vezes dei conta de mim com lágrimas nos olhos, primeira vez quando um miúdo teve um ataque de epilepsia e ninguém o soube ajudar, segunda vez quando chegaram umas miúdas novas e escreveram as suas histórias - uns tios tinham-nas perdido (propositadamente); e hoje quando vi no rosto de algumas o aperceber se da nossa despedida e dos seus amigos que eventualmente vão para famílias adoptadas ou biológicas.
Inevitavelmente já nos apegamos aquelas crianças. Muitas vezes sinto-me totalmente inútil, por não lhes conseguir dar mais do que dois meses de falsas expectativas, e não lhes ensinar grande coisa pois poucos ou nenhuns tem bases suficientes para lhes darmos explicações. Gosto de muitos deles… mas é assustador saber das histórias que ali os trouxe: abandonados, mal tratados, perdidos, abusados, etc… E o que é que podemos fazer por eles, dar-lhes atenção! Para eles basta para mim não, sinto-me incompleta.

Infelizmente cá em casa tem havido grandes discussões sobre se o projecto PUMAP deve ou não continuar neste orfanato. Eu sou mais apologista de arranjar um protocolo mais educacional, de longo prazo e mais estruturado numa qualquer instituição que mantenha continuidade mesmo depois de nos irmos embora. Mas parece que sou única a ter essa visão (senão sou estou entre poucos)… Os outros crêem que por ser tão curto o espaço de tempo mais vale apanhar estes miúdos nesta fase de transição e dar-lhes a atenção que tanto precisam.

Claro que fazemos falta em todo o lado, e a discussão só a há por isso mesmo. É muito complicado sermos pragmáticos em questões de amor, mas eu prefiro não os fazer (às crianças) sofrer tanto nem eu sofrer, apesar dos dois meses serem muito gratificantes tanto para nós como para as crianças, do que termos uma vertente mais educacional de modo a criar um valor acrescentado no conhecimento do mundo (seja a nível de escolinha tradicional, ou jogos didácticos, ou ensino de competências técnicas e apoio psicológico) numa qualquer criança carenciada.

No orfanato temos que trabalhar tudo de raiz. Muitas destas crianças nunca estimaram um caderno ou caneta e estão a aprende-lo connosco. Muitas nunca tiveram ninguém que soubesse o nome delas…Mas é ingrato, é difícil e não me sinto capaz/formada para dar tudo o que tenho.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O táxi do Sr. Humberto

Acho que ainda não vos falei muito sobre o nosso método de transporte.
Maioritariamente ando a pé, para ir às compras, para ir almoçar, para ir à baixa, até à noite para irmos sair se formos em grupo. Mas para ir para a faculdade vou de chapa e volto de táxi.

Eu vou três dias por semana para a UEM - Universidade Eduardo Mondlane: terças, quartas e sextas. Dou sempre, tanto às quartas como às sextas, a última aula do dia, das 18h30 às 20h e como a essa hora já é tarde os voluntários têm que voltar de táxi (pago pelo projecto…) e andar acompanhados, por isso à terça também fico até as 20h à espera do Miguel (nos outros dias fica ele à minha espera).
Portanto todos os dias o Sr. Humberto lá nos espera às 20h20 no portão e leva-nos a casa.
O Sr. Humberto poder-se-á considerar o motorista do PUMAP. Salvo se o Sr. Humberto não puder, ele é que nos leva sempre a todo o lado. Todos temos o número de telefone dele e já nos basta mandar uma mensagem a dizer onde estamos ele aparece.

É um moçambicano castiço. Já estudou, entende a importância do saber e é curioso. Anda à procura de um novo emprego. É obcecado por ONGs e não fica descansado enquanto não voltar a trabalhar com uma. Ele diz que gosta da maneira como funcionam e trabalham as ONGs em Moz, vá lá uma pessoa entender o que ele quer….
O Diogo do nosso grupo até já lhe reviu e refez o CV e volta e meia mandamos o currículo dele via email (porque ele não tem um dele) para contactos que ele vai angariando. É muito simpático e atencioso.
Sempre que vou de táxi com ele e com o Miguel é uma paródia! Pomo-nos a cantar hits musicais que passam cá na rádio (curiosamente de autores angolanos), ou então ele põe-nos a ouvir Marrabenta (música típica Moçambicana).

Um belo dia o Miguel meio a brincar meio a falar a sério, pediu para conduzir. E assim foi, fomos com o Miguel a fazer de motorista até casa! Azar por azares nesse dia a polícia estava perto da UEM a mandar parar os carros… acelerámos um pouco e seguimos sem parar. No dia seguinte o Sr. Humberto no mesmo sítio foi mandado parar. Pagou um refresco de 50 mts (meticais), o Miguel pagou-lhe de imediato claro, mas uma coisa é certa se tivesse sido o Miguel a parar teria pago 300 mts ou mais! Uma aventura, mais uma história para contar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Nova data de partida

Felizmente e infelizmente por razões diferentes o meu regresso a Portugal será adiado uns dias. Tinha passagem no dia 1, ou melhor dia 31 á noite de volta a Lisboa, mas vou cá ficar até o outro Sábado com alguns voluntários resistentes. Embora as saudades apertem, acho que faço bem em aguentar mais um pouquinho para puder ir conhecer mais Moçambique. Vamos segunda-feira para Inhambane e passamos lá uns dias, depois Vilankulos mais dois dias (dizem ser dos destinos mais bonitos a par da ilha de Moçambique, mas mais próximo de Maputo) e depois regressamos novamente para Maputo para o aeroporto. Mal posso esperar para chegar a casa, mas também quero aproveitar ao máximo aquilo que também há-de bom na vida - viajar! Ainda mais já que estou abaixo do equador e não sei quando cá irei voltar.

Vou cá ficar eu a Cátia Silva, Mariana Dias, talvez a Maria Neto e o único homem o Miguel L Ferreira. Vamos de machibombo (transporte público colectivo) e mochila às costas para ficar num backpackers (pousada de juventude) … Vai ser giro!
Tinha dito a alguns de vocês que tencionava ir à Ilha de Moçambique, mas é longíssimo e caro, ia perder muito tempo em viagem e não quero… Ainda assim Vilankulos é a mais ou menos 6 ou 7 horas de carro! Que aventura.

Vou então dia 5 de Setembro à noite para Lisboa, chego Domingo (dia 6) de manhã! Can’t wait! Tenho saudades vossas, mas já não falta muito!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Tudo em demasia

Pela primeira vez acabei com o meu cartão de memória na máquina fotográfica!
A fama de tirar muitas fotografias era real, mas este fim-de-semana esmerei-me!

Tirei 378 fotografias + 6 filmes no Sábado e 249 fotografias + 32 filmes no Kruger. Atenção que só não tirei mais no Kruger porque a memória estava cheia senão certamente teria tirado mais, em vários momentos tive que apagar algumas fotografais com muita pena minha!
Mas algumas estão muito giras!

Fiz mais filmes do que o normal porque na minha máquina consigo o dobro do zoom e por vezes era bem precisa para conseguir uma imagenzinha que fosse de um qualquer animal lá bem longe. Efectivamente via-se melhor… pelo menos posso dizer que vi mais com a máquina de filmar da Maria a servir de binóculos do que a olho nu.

Espero amanhã por as fotografias seleccionadas na Internet!

Kruger National Park

O Kruger National Park é dos mais conhecidos parques de safari africanos do mundo. Dizem que é também o mais turístico e comercial, no entanto adorei, só de pensar como serão os mais “for real” fico arrepiada.

Chegámos a uma das muitas entradas no Kruger as 6h30. Pagámos 14 euros ou 140 rands (o cambio é facílimo para nos fazermos contas...) cada um mais uma parte do bilhete do nosso motorista que por ser Moçambicano só pagava 30 rands.

(Curiosidade: logo à entrada ver uns panfletos com a cara do Nelson Mandela sobre como nós podemos patrocinar o parque e as suas áreas protegidas. Conforme o nosso donativo podemos dar nome à região, à porta de entrada, à estrada ou outros… de rir como apelam à preservação do ambiente pelo bom nome do marketing pessoal. Sinceramente não acho mal de todo, engraçado…)

Bem mas fiquei ruída de inveja ao ver os jipes do parque. Por apenas mais 10 euros podíamos ter andado durante um dia com guias deles em jipes giríssimos, mas não, uma pessoa ilude-se que é tudo caríssimo, não se informa e portanto vai de chapa apertadíssima com atrelado a gingar … Enfim, lição aprendida! Informar, estudar e aprender antes da partida!

Vimos imensos animais, mas nem sempre foi fácil. O que mais se viu foram as impalas (espécie de veados, os Bambis da disney e seus familiares)… No final da viagem coitados dos bichos eram mais insultados pelo grupo que eu sei lá, do género: “Já não te posso ver, quero os leões!...Desapareçam impalas, queremos os vossos predadores” etc etc.
Bem mas vimos girafas, elefantes, búfalos (grandes e gigantes), hipopótamos, crocodilos, macacos, zebras, rinocerontes (dois já no fim do percurso quando estávamos para desistir de ver os big 5)
Encontrar alguns é como encontrar agulhas em palheiros e por isso é que não vimos nenhum felino nem leão! É um pouco exaustivo, quando íamos à janela tinhamos que ir muito atentos até vermos qualquer coisa para chamar os outros! Para o motorista também é extenuante, porque tem que conduzir muito devagar! As condições do chapa é que não eram nada boas: vidros fumados, todos apertadinhos, enfim…

O Kruger está muito bem organizado. Tem estradas alcatroadas, e como é proibido sair dos carros, de X em X km tem áreas de refeição com coffee shops, loja de recuerdos, lodges (hotéis/pousadas), restaurante, wc, gasolineiras tudo! Há áreas maiores que outras mas todas sem excepção são bem estruturadas e assinaladas… Também há estradas de terra que podemos seguir, e depois há outras restritas para pessoal e para o aeroporto. O parque tem mapas muito completos e sabemos exactamente onde foram avistados animais no dia anterior ou até no próprio dia. A ideia é nos colocarmos os ímanes de cor respectiva a cada animal no quadro e assim cada pessoa vai assinalando para os próximos que vêm à entrada das estações de serviço. O Parque é gigante, nós não fizéssemos nem um décimo dele, mas fiquei bem impressionada. Basicamente conforme a porta de saída que tomarmos podemos nos guiar pelos caminhos onde foram vistos mais animais e manadas. O parque fecha ás 18h00 e se a nossa matrícula do carro e as respectivas pessoas não estiverem ou num lodge ou nas portas fronteiriças incorreríamos numa ilegalidade e iriam nos buscar. Não sei bem como, mas iriam…
A manhã foi super produtiva, vimos muitos animais, mas cansamo-nos imenso. É que temos que estar super atentos na savana à procura de um qualquer animal tipicamente bem camuflado, numa paisagem um pouco ou tanto repetitiva.
Mas adorei! Quero repetir! Quero voltar. Não imaginam a adrenalina que é quando vemos um animal qualquer, ou então mesmo depois de os encontrarmos vê-los no seu habitat natural em manadas e família! Tivemos girafas e elefantes a menos de 4 metros de nós a querer atravessar a estrada. Imponente, mete algum medo! No entanto temos uma sensação de falsa segurança… Embora seja proibido sair do carro ou até ter alguma parte do carro exposta na janela a não ser braço ou cabeça (qualquer coisa que não permita entrarmos rápido) quisemos várias vezes sair para ver melhor. Não podíamos e não o fizéssemos mas vontade não nos faltou para ser petisco dos leões. Foi brutal ver Africa for real… ver os animais a passar deu-me arrepios - what a thrill! A natureza é de facto extraordinária!

Errata

Então ninguém me diz para corrigir a segunda frase do meu blog:
Mi em Moçambique
O meu primeiro projecto de VOLUNTÁRIADO com o PUMAP

Voluntáriado?! Sou uma mulher do norte bem sei mas ainda assim, o que vos deu para não me chamarem à atenção de tão feia gralha?! Erros há vários bem sei, mas alguns são toleráveis, agora este logo na segunda frase do blog não há direito!

Bem já tirei o maldito acento! Melhor espero…

Impressões sobre Africa do Sul

Não sei se é pelo termo de comparação ser Moz, um exemplo rudimentar da desorganização, senão, mas achei África do Sul um país civilizadíssimo, a Europa como nós dizíamos. Senti que A. do Sul era um país cuidado, que preserva o seu ambiente, que promove o turismo, que se rege por regras não fortuitamente. Por exemplo assim que passámos a fronteira recebemos folhetos turísticos, o que mostra o seu interesse em se promoverem; mais à frente fomos parados por uma operação de stop, de mulheres policia apenas, que já não são tão descaradamente corruptíveis com “refrescos”, as estradas são novas e arranjadas, já não são esburacadas e com ar de estradas nacionais secundárias. As regras de trânsito são respeitadas, vimos imensas operações com radares de velocidade, há shoppings (open space à inglesa), há espaços verdes, há escolas, há universidades e hospitais- grandes até e em terras relativamente pequenas. Fiquei positivamente impressionada! Claro que já não tem aquela magia! Vê-se muitos brancos, as cidades transpiram Inglaterra por todo o lado. Mas enganem-se quem acha que os brancos vivem todos bem, para minha surpresa, num cruzamento vimos um senhor idoso branco a mendigar por comida, no mínimo invulgar e surpreendente…

Bem Sábado, apesar de atrasos consecutivos na saída de Maputo, na fronteira de Ressano Garcia e na operação stop com a fat-mama policia lá conseguimos fazer o nosso percurso paisagístico. Andamos pela Panorama Route (já turisticamente pensada e bem assinalada) a ver cascatas, e vales com o intuito de chegar finalmente ao River Blide Canyon. Dizem que é o terceiro maior, mas não fiquei totalmente convencida. Apesar de ser giro, muito giro esperava outra grandiosidade. No computo geral foi óptimo irmos conhecer o apreço que eles têm pelo turismo bem como um pouco mais do que será este país enorme que é a Europa de Africa.

Depois de uma hora ou mais em plena noite, e estrada sem qualquer luz, lá chegámos ao nosso hostel (pousada backpackers) mesmo à porta do Kruger. Dormi numa camarata com outros pumap e uma família… que saudades do Interrail que fiz o ano passsado, boas recordações! Bem deitei-me cedinho, a partida no dia seguinte foi madrugadora!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Fim de Semana - África do Sul

Amanhã lá vamos nós partir cedo. Vai ser finalmente o fim-de-semana do Kruger Park. O parque de safari mais conhecido da Africa do Sul, que faz fronteira com Moz. No Sábado vamos ver o Blide Canyon, dizem ter paisagens brutais e domingo vamos procurar os top 5 bufalo, leopardo, leão, elefante e outro (?)
Vamos andar o dia todo de chapa será cansativo, devemos fazer 800 km… Fui eu que negociei o preço do chapa, é brutal. Adoro negociar com os motoristas?! Aliás agora adoro negociar tudo!

Saudades

Estou com saudades da família. Isto é sempre um pagode em casa mas confesso que sinto a vossa falta. Aliás eu preciso é de férias! De descanso! De não fazer nada… Infelizmente quando chegar vou ter pouco tempo até ao inicio das aulas mas também ninguém me mandou!

Os meus alunos fizeram-nos uma avaliação intermédia quanto ao módulo e à nossa prestação. Quase tudo muito positivo, fiquei contente e motivada! Estou a adorar dar aulas!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Como se fala por cá...

A construção frásica deles é muito engraçada passo a citar as frases mais frequentes:

- “Há-de vir…”, “Há-de ser…”, “Há-de dar…” vem muito de encontro á velocidade muito própria que o tempo tem por cá. Presa não há nem pode haver para nada, as velocidades que aqui se conhecem são o lento e muito lento. Acreditem ou não isso depois reflecte-se em mais qualidade de vida nesse aspecto…

- “Não tem problema…” é frequente eu perguntar seja o que for que mereça resposta concreta e no entanto ouvir isto. Não sei se é na tal lógica de agradar ou se é porque não entendem o que digo mas nunca nada tem problema

- “Tou a pedir….” Antes de qualquer pedido eles dizem isto. É um pouco como o ? do espanhoís antes das perguntas para anunciar o pedido é de rir… “Estou a pedir informação de como ir para ali… Estou a pedir que me traga o troco…. Estou a pedir a conta, etc…”

- E como usam o estou a pedir também anunciam estou a perguntar, estou a dizer, estou a informar, estou a fazer e só entaão a escriçao do que fazem!

- Issh oyê é tipo uma exclamação que eles fazem de espanto

- E depois têm imensas expressões de Changane (o que se fala no sul de Moz, especialmente na província de Maputo) que misturam no português.

- Há muitas mais frases carismáticas mas para já é o que me recordo!

Regra de ouro é falar devagar para que nos entendam e convêm sempre repetir duas vezes (ou mais) a mesma questão mas de maneira diferente porque podemos obter várias respostas. Nem sempre é fácil depois avaliar qual é a resposta mesmo mas é normal… se formos a ver o Português é a língua materna para muito poucos! Embora seja o que aprendem na escola, em casa falam dialectos!

O que é que se come aqui?

Jantámos todos os dias em casa como uma grande família! Por acaso temos pratos e talheres para todos mas para beber usamos de tudo copos de plástico, canecas e chávenas, é muito engraçado!
Decidir o menu e fazer as compras é sempre um frete felizmente não sou eu que trato de nada disso encarregamos a Ana e o Pedro que fazem um óptimo trabalho! Obrigada! Então cada dia vão às compras com as empregadas e depois elas ficam a cozinhar… De vez em quando lá é o Pedro, a Marina e a Mariana Dias que se aventuram na cozinha mas não foi muitas vezes… É um luxo isto de jantarmos todos, bem e barato em casa sem nos chatearmos! Organizamos um “bolo alimentar” e com esse dinheiro cobrimos despesas de jantar e pequeno-almoço!

Uma vez por semana a D. Luísa e a D. Rebeca (nossas empregadas) cozinham comida típica moçambicana… Infelizmente têm repetido bastante mas o que já comemos é folha de abóbora (vegetariano), caril de frango, frango com caril de amendoim, shima (parece puré, é feito com farinha de mandioca), mandioca frita, legumes a que chamei folha de abóbora com camarão… Todos estes pratos ou quase todos levam coco. Por falar nisso adoro coco! Ás vezes trago e peço a Rebeca para me arranjar é mesmo light…
Além desses pratos há matapa (ainda não provei… como não chove não há nas machambas), comesse muitas chamusas que venda na rua e uns fritos de feijão (parecem pasteis de bacalhau de aspecto) com pão que também vendem na rua.
As minhas perdições mesmo são os cajus e as bananas! Cajus (de castanha) como até mais não (hei-de levar para PT - aceitam-se encomendas!) e bananas são mínimas (tipo 15 cm max) e óptimas, também como imensas!
Fora isso nos restaurantes comem-se, claro está, muitos pratos típicos portugueses. Só não se come bacalhau (é caríssimo e mau). Tenho imensas saudades de um arroz de pato! (Só podem ser as saudades a apertar para já falar de petiscos que sinto falta, de rir). Estou muito menos esquisita, tenho vontade de provar tudo, quanto mais estranho o nome mais certo é que o vou pedir (ainda por cima cá não tenho que me preocupar com o facto de puder ser picante, raramente o será sem estar assinalado). Ah e não me podia esquecer do marisco! Bom e barato, como camarão, caranguejo e lagosta…

Consegue-se comer em sítios baratos, alias nós, até meio do programa, almoçámos sempre por 60/70 meticais o prato no mercado do museu (mercado tipo quarteirão de barracos) perto de casa numa vietnamita. Massa camarão, massa vaca, massa galinha, massa lula até que enjoamos! Ainda lá vamos ás vezes mas não com tanta frequência! Consegue-se comer em sítios baratos mas tem que se perder manias de higiene. A vietnamita que não é de todo os piores sítios lava os copos numa bacia e os pratos noutra e já está, pronto a servir. Bem não nos fará de certeza esta “higiene toda” (ironia), mas também se não ficamos doentes é porque não nos faz assim tanto mal. Ainda temos cuidado quanto a saladas em alguns sítios mas já são raros os sítios que frequentamos em que nos preocupemos. Temos que viver, ser fortes e ganhar resistências…!

Enfim já chega sobre comida não? Estou a ficar com fome felizmente vou jantar. Hoje é arroz branco, a tal shima, frande de amendoim e folha de abóbora! Um exagero de comida!

Ultima coisa: recebemos um patrocínio de um distribuidor de comida que nos encheu a despensa com leite, batatas, bolachas, cereais, arroz, massa, e alguns enlatados! Imensa coisa… vamos deixar no orfanato no final certamente irá sobrar- ainda bem!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Confusões da casa alugada

Bem, nós estamos a habitar uma moradia no centro de Maputo. Estamos efectivamente bem instalados e a pagar uma renda baixa mas já tivemos e temos tantas complicações com a senhoria que cansa.
Primeiro ponto: A senhora que nos alugou a casa não é a verdadeira dona da casa! Esta a subalugar sem autorização. Entretanto as verdadeiras donas da casa já a descobriram e irão despejá-la assim que sairmos!
Segundo ponto: Primeiros banhos tomados arrebenta o termóstato, lá se arranjou mas ainda assim passado um ou dois dias na dita casa para 14!!
Terceiro ponto e o mais grave de eles todos, os empregados que se diziam incluídos na renda não estão a receber nada. Todos os dias recebemos recados para a proprietária porque ninguém paga aos funcionários. A situação é complicada e já gerou confusão cá em casa. Uns discordo em pagarmos nos segunda vez, outros querem ajudar de facto e mantê-las, enfim complicado
Na realidade esse é o drama da casa neste momento. Reuniões e conversas giram todas em torno disso... Cansa lidar com gente assim falcatrua.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Telecomunicações

Não sei se já vos contei sobre isto senão, mas lembrei-me que é curioso como a logística de telemóvel se processa!
Há duas grandes redes, a MCell e a VodaCom, cujo a primeira é bem mais forte. MCell “Estamos Juntos” e Vodacom “Tudo Bom” são os respectivos slogans.
Comprei um cartão assim que cá cheguei por 2 euros mais ou menos e vou carregando com dois euros de vez em quando. Todos nós trouxemos um telemóvel desbloqueado e comunicamos por lá. (Eu perdi/roubaram-me o meu na primeira semana mas entretanto chegou-me outro…).
Para recarregar os nossos cartões saímos á rua e gritamos MCell, logo vêm dois ou três vendedores com uns coletes florescentes da Mcell chatearem-nos para lhes comprarmos a eles. Compramos “giros” de 20, 50, 100 ou 600 meticais. São umas pequenas raspadinhas (para raspar com moedas) com um código de 7 ou 8 números que digitamos no nosso telemóvel *133*…#. E já está telemóvel carregado! Temos umas 20 ou 50 mensagens para Mcell gratuitas a cada carregamento e outras tantas para MMS. Para Portugal cada sms custa 7 cêntimos (euro) mais ou menos…e como não pago roaming cá, fica mais barato no total ligarem de PT para o número moçambicano.
É um sistema muito engraçado isto dos “giros” (equivalente a vita-recargas etc) na rua, não falha! Para não falhar nunca tenho as vezes uns na carteira!

Capulanas

Hoje fui ao alfaiate e já trago mais coisas comigo. Neste momento feito de capulanas já tenho uma saia, dois vestidos, umas calças, uma carteira! E a fazer outras tantas coisas! De rir… Para quem não sabe capulanas são pedaços de tecido tipo 1,50m por 2,50m muito colorido e com estampados lindíssimos. É o que aqui usam para por os miúdos pendurados atrás das costas, ou como saia, etc… Gosto imenso!

Casa

Bem já lá vão quase mês e meio… Não é muito tempo é certo, mas a tensão começa a acumular. Até agora é de louvar como se tem mantido ordem, serenidade, boa disposição, etc! Mas na realidade já há algumas picardias. Nada de maior! Aliás é de notar que somos um grupo bastante coeso e damo-nos na perfeição mas volta e meia há respostas mais bruscas. Eu tenho me mantido na paz, não me chateei (ainda) com ninguém mas uma coisa noto sossego que é bom e eu gosto é impossível. Ainda agora estava para aqui a querer escrever sossegada os meus posts e tive que mudar de sitio mais de três vezes com o intuito de estar sozinha. Sozinha para ter silêncio e nada mais mas é quase impossível. Não é má vontade dos outros, na realidade não há nem devem haver lugares isolados mas silêncio pelo menos seria óptimo. Não me importava que tivessem vinte macacos à minha volta desde que estes não estivessem na tagarelice de sempre que não me interessa. Bem sabem que sou uma tagarela e talvez seja injusto este meu comentário mas sinto falta de momentos mais sozinha.

(Aos demais da minha casa que estão a ler os meus posts fiquem certos que não pretendo apontar o dedo a ninguém mas também entendam que as minhas pretensões aqui são meramente queixosas e de desabafo! Não há nada a fazer bem sei somos 15 numa casa!)

Fim-de-Semana na Ponta d’Ouro

Saímos super cedo de Maputo, às 5 da manhã já estávamos no ferry-boat para passar para Catembe, margem oposta à cidade de Maputo. Quando chegámos ao outro lado tínhamos um chapa 4x4 à nossa espera. Não nos deixemos iludir por ser um chapa 4x4 na realidade é um chapa como os outros mas com tracção e uns pneus ligeiramente maiores. E bem foi preciso tivemos um caminho pela frente lindo de morrer mas agreste. Aliás caminho é mesmo a melhor descrição porque não havia estrada havia apenas uns trilhos no meio do mato ou da areia pelo qual nos seguimos a toda a velocidade. Com a neblina ainda a levantar vimos paisagens arenosas e montanhosas lindíssimas. Terra vermelha, areia branca, montes e planaltos - lindo…
A Ponta d’Ouro é a zona de costa e praia mais a sul de Moçambique apenas 8km de África do Sul. Não tem estradas, mas tem caminhos de areia e que só as vezes conseguimos passar. É povoado maioritariamente por sul-africanos, querem pagamentos em rands(e não meticais) e falam mais inglês que português, é mesmo estranho!
Ficamos a acampanhar num lodge de um jovem meio americano meio alemão muito simpático. A WC era ao ar livre e alguns chuveiros também! (ver fotos!) Muito reggae peace and love, de rir!
O Sábado passou-se todo na praia a dormir. Claro que à noite estávamos todos queimados, de rir! Fomos jantar e depois sair com os bifes de cá (que como era fim de semana prolongado em Africa do Sul invadiram isto) e com os locais na discoteca Pinto’s. Foi de rir… um contraste engraçadíssimo. Estava ainda assim super cansada e portanto fui cedo para a tenda. De notar mesmo nesta noite, foi o episódio que passo a contar: O dono do lodge levou-nos até ao restaurante no seu jipe para jantar. Eu e a Ana íamos penduradas na barra lateral de entrada do jipe agarradas em nada basicamente (vejam as fotografias). Bem e sem saber bem como aguentei-me durante um tempo ali no meio das dunas até que caí. Não deu sequer para o susto porque ele ia devagar mas foi hilariante. Estava eu a comentar com outros que “não tenho onde me agarrar”, “eu vou cair” e pumba de rabo no meio do chão! Lá fui jantar cheia de areia.
No Domingo mais um pouco de praia e depois agarrem-se os invejosos fui nadar com os golfinhos! Saímos de barco de borracha após um pequeno briefing para o largo da costa onde os golfinhos andavam. Não deu para tirar nenhuma foto o barco abanava imenso não podia ter a máquina comigo. Com barbatanas, óculos e tubo para respirar íamo-nos prepara ando em grupos e o chefe do grupo lá nos deixava no meio de 20 golfinhos para nadar com eles. O meu primeiro mergulho foi péssimo, stressei com a respiração e não vi nada, mas o segundo foi óptimo. Estava mais descontraída e vi aí uns 7 golfinhos a uns metros de mim. Claro que fui sem óculos o que não ajuda mas foi engraçado. Fui quem menos gostou do grupo mas muito devido ao facto de ver mal ao longe e não saber nadar com barbatanas e afins. Na realidade só se aprende a nadar com os golfinhos passado um tempo, á primeira é tudo muito rápido mas se me perguntarem se voltaria a repetir nos próximos tempos acho que não. Talvez daqui a uns anos conforme a situação!
Bom, depois de algum enjoo marítimo (que quase todos sentimos porque o mar estava agitadíssimo) partimos de novo para Maputo. O motorista veio a acelerar que nem um doido no chapa cheio de gente (demos boleia a mais um casal de holandeses!) à noite naqueles pseudo caminhos. Bem as vezes foi assustador – travava porque havia buracos ou pessoas a aparecer do nada, sinistro!
Foi um óptimo fim-de-semana quanto mais não seja por termos feito praia. As praias são bonitas mas já é muito comercial para os sul-africanos o que irrita um pouco. Mas pelo caminho, o campismo, os golfinhos valeu muito a pena.

Chegada de mais um coordenador

Esta edição supera todas quanto mais não seja pela quantidade de coordenadores que vieram visitar o grupo. Será que andam a duvidar do nosso trabalho ou somos tão apetecidos que todos querem vir passar um bom bocado connosco?! Bem o Sérgio Gaspar esteve cá um mês, a Mariana Dias chegou após duas semanas ou três de cá estarmos e cá ficará até ao fim. Como senão bastasse apareceu de surpresa o Guilherme Oliveira, quem nos coordenou todo o ano e que não pode vir por razões pessoais e profissionais. Foi muito engraçada a sua chegada… acordou toda a gente na sexta-feira de manhã, ainda por cima estava tudo de ressaca depois da noite de anos do Vítor.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Net em casa

Finalmente.
Espero ser a partir de agora realmente mais constante.
Tive que ir a um informático cá, bem simpático por sinal... Mas o importante é que já tenho internet!
Falemos pelo skype!

+ fotografias disponíveis!!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fim-de-Semana na Suazilandia

Fim-de-semana na Suazilândia

Bendita a hora a que tirei uma fotografia ao mapa da Swazi na fronteira de Moz! Deu-nos muito jeito para saber como ir para o festival. Embora a Swazi seja um país ridiculamente pequeno convêm saber como chegar aos sítios. Por fim chegamos e tratamos logo de montar as nossas tendas. Tínhamos tendas para mais de 16 pessoas, dormiram nas tendas menos de 10, já explico o porque…
No festival havia de tudo, playground para crianças, mercado de artesanato, barracas de publicidade, área de comida típica ou fast-food e era frequentado por famílias, novos, velhos, freaks, brancos (maioritariamente), locals, tudo… A lotação máxima para Sábado era de 4000 pessoas, o que implica que para um espectáculo que durou desde as 10 da manhã e as 4 da manhã do dia seguinte nunca esteve muita gente. Ainda que festival por ser pequeno era bastante acolhedor. Todos adoramos!
Gastei um dinheirão em bugigangas, começou a saga dos recuerdos! Aliás acabou por ser um fim-de-semana caro à custa disso. A ideia que o grupo tem de mim é que sou uma shopaholic e não estará longe da verdade, mas quem me conhece também sabe que sou super forreta e cada vez menos gosto de gastar dinheiro em compras e comprinhas! A realidade é que estar em África está a soltar uma Mariana muito curiosa e com imensa vontade de levar memórias de cá. Adoro tudo, acho tudo super alegre e tenho imensa vontade de comprar tudo!
Bem mas além das coisas giras que comprei o festival foi giríssimo. O ambiente era descontraidíssimo, a decoração era o máximo, a música brutal. É difícil definir o estilo da música porque o Bush Fire é um festival de Inverno de artes internacional o que inclui, jazz, música tradicional e local, reggae, hip-hop, comercial, house, … Claro que nos não conhecíamos nada porque eram tudo artista do Uganda, S. Africa, Moz, Mali, e muito menos percebíamos quando falavam as línguas deles mas ainda assim adorei.
Mas nem tudo foram mares de rosas! Eis que às 23h00 começou a chover e nunca mais parou até ao dia seguinte quando viemos embora. Por muito animados que estivéssemos foi péssimo! Choveu e trovejou e nós à espera nas tendas húmidas e alagadas eternamente para que parasse. Ora pelo menos 5 pessoas dormiram no chapa com o Zacarias, o nosso motorista! Foi uma noite péssima, dormimos mal e com algum frio!
Ao jantar comi impala (espécie de veado), mieli bread (broa de milho acho eu) e sam (uns feijões brancos). Adoro isto, já sou uma gastrónoma mais rica!
No domingo fomos à capital, e não se passava nada. Mbabane estava morto, o tempo não ajudou em nada, acabamos num shopping, deprimente. Bem conclusão: Swaziland CHECK! Embora mínimo é bem mais desenvolvido que Moçambique!

Curiosidade: A Galp Energia está por todo o lado lá! Foi patrocinadora oficial do festival e tem imensos postos de gasolina no país!